Mulher tem papel de fazer boa política na empresa rural familiar

Na manhã do dia 04 de abril, o auditório 2 do Centro Tecnológico COMIGO (CTC) ficou lotado de mulheres de todas as faixas etárias, ansiosas para ouvir as palavras de José Ney Vinhas, consultor da Safras & Cifras, sobre a mulher como sucessora na empresa rural familiar, parte da programação da TECNOSHOW COMIGO 2017. Algumas delas ainda estão na fase de preparação para assumir os negócios da família. Outras já estão à frente de importantes funções na gestão de suas fazendas, como é o caso de Maria Cristina Martins Lima, de 49 anos, que junto ao marido gerencia plantações e armazenagem de soja, milho, eucalipto e rebanho para pecuária de corte na cidade de Rio Verde (GO). “Eu iniciei a preparação há muitos anos, procurando conhecimento técnico e estando no dia a dia do campo, onde a gente realmente aprende o significado de ser uma produtora rural”, comenta.

A realidade de Maria Cristina condiz com a de milhares de empresas familiares, que vêm trabalhando de forma a manter a gestão e a execução dos negócios entre seus membros. “90% das empresas no Brasil são familiares, mas apenas 5% dos negócios rurais sobrevivem na terceira geração seguinte a de seus fundadores”, argumenta José Ney, completando que a maioria dos casos de fracasso estão diretamente ligados à centralização de informações pelo fundador, que geralmente não compartilha as estratégias fundamentais ao sucesso do negócio, além da preparação inadequada dos sucessores ou herdeiros.

“A mulher precisa participar ativamente do negócio com o marido, porque a gente não sabe o dia de amanhã. Temos de estar atentas ao que está acontecendo e fazer a nossa parte, tanto administrativa quanto funcional do negócio. Hoje a fazenda é uma empresa que precisa ser gerida por pessoas capacitadas e a mulher tem todas as condições de entrar no mercado de trabalho igual a todos os homens”, afirma a zootecnista Maria Ignês Rotundo Carneiro, de 49 anos, que busca conhecimento constante para atuar na administração da propriedade rural da família, localizada também em Rio Verde (GO), e está preparando as duas filhas para seguir com os negócios dela e do marido. “Uma delas está terminando o curso de agronomia e já vem atuando na fazenda a partir do meio do ano. A outra estudou administração e está trabalhando em uma empresa de agronegócios, buscando experiência para aplicar em nossa fazenda daqui a alguns anos”, completou.

Diplomacia
Durante a palestra, um dos principais pontos enfatizados pelo consultor foi sobre o papel diplomático da mulher na empresa familiar rural, que naturalmente age de forma mais emocional para conciliar os demais membros do negócio. Para o consultor, a mulher tem que usar do seu potencial de realizar a boa política entre os membros familiares para se incluir no processo de sucessão, transmitindo a confiança necessária para fazer valer a sua opinião e conciliar as opiniões. “A esposa também deve ser cotada como primeiro membro na escala de sucessão, uma vez que as estatísticas do próprio IBGE já apontam que naturalmente haverá mais viúvas do que viúvos. Então o quanto antes elas começarem a se preparar, melhor para a empresa”, completou.

Também devem cair por terra as relações de gênero, que por muitos anos colocaram as mulheres como incapazes de gerir a empresa rural familiar. “Com a mecanização do campo, hoje grande parte das atividades são geridas sem esforço físico”, ressaltou José Ney, que acredita que a preparação sucessória deve iniciar antes da morte do fundador, o único capaz de repassar de forma confiável as melhores estratégias para a permanência da família no ramo de atuação. “Ainda encontramos muitos casos em que o fundador não permite a entrada de novos talentos, não formaliza as regras do negócio e não respeita a meritocracia entre os membros sucessores, o que coloca em risco a continuidade da empresa”, enfatizou o palestrante.

Mais sobre a TECNOSHOW COMIGO
Com a proposta de auxiliar o produtor rural, a COMIGO iniciou, em 2002, o trabalho de geração e difusão de tecnologias agropecuárias, em Rio Verde, numa área que hoje ultrapassa 130 hectares (área total do CTC), onde a cooperativa promove experiências tecnológicas o ano todo, em parceria com diversas instituições de pesquisa, de ensino e outras empresas.

Texto e foto: Assessoria Tecnoshow Comigo

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